
Capra, Fritjot. O Ponto de Mutação – São Paulo: Cultrix, 1982
Fritjot Capra recebeu seu ph da universidade de Viena e realizou pesquisas sobre física de alta energia em varias universidades da Europa e dos Estados Unidos, alem de muitos ensaios técnicos sobre suas pesquisas, fez muitas conferencias e publicou vários trabalhos sobre implantações filosóficas da ciência moderna. Capra se deixou levar pela singularidade dos movimentos sociais e pela explosão contestatória dos anos 60, que representavam a reação da juventude e de outros setores da sociedade a todo um aspecto de uma estrutura que não estava satisfazendo às aspirações humanas mais profundas, como, por exemplo, liberdade, igualdade, solidariedade e pela sede de se viver em harmonia, com o homem e a natureza, de modo orgânico, diante das lutas ideológicas entre os blocos políticos divergentes, que fragmentavam e alienavam as relações entre pessoas e povos e impunham, através da cultura de massas e de relações profissionais, formas e normas de hierárquicas, dominadoras, patriarcalistas e frias, seguindo rígidos modelos de divisão de tarefas.
Outras obras:
Capra, Fritjof. O Tao da Física, Ed. Cultrix, 1995.
Capra, Fritjof. A Teia da Vida. Ed. Cultrix, 1996.
Capra, Fritjof. Sabedoria Incomum, Círculo do Livro, 1992.
Capra, Fritjof. Pertencendo ao Universo, Ed. Cultrix, 1995.
O Ponto de Mutação é um tratado científico em que o físico Fritjof Capra com uma aguda crítica ao pensamento cartesiano na Biologia, na Medicina, na Psicologia e na Economia, explica como a nossa abordagem, limitada aos problemas orgânicos, nos levou a um impasse perigoso, ao mesmo tempo em que antevê boas perspectivas para o futuro e traz uma nova visão da realidade, que envolve mudanças radicais em nossos pensamentos, percepções e valores.
As interconexões e interdependências entre os numerosos conceitos representam uma grande contribuição pra o leitor comum. Todos os termos técnicos são definidos em notas de rodapé nas paginas.
Essa nova visão inclui conceitos de espaço, de tempo e de matéria, desenvolvidos pela Física subatômica, a visão de sistemas emergentes de vida, de mente, de consciência e de evolução, a correspondente abordagem holística da Saúde e da Medicina, a integração entre as abordagens ocidental e oriental da Psicologia e da Psicoterapia, uma nova estrutura conceitual para a Economia e a Tecnologia; e uma perspectiva ecológica e feminista.
Citando o I Ching "Depois de uma época de decadência chega o ponto de mutação" Capra argumenta que os movimentos sociais dos anos 60 e 70 representam uma nova cultura em ascensão, destinada a substituir as nossas rígidas instituições e suas tecnologias obsoletas. Ao delinear pormenorizadamente, pela primeira vez, uma nova visão da realidade, ele espera dotar os vários movimentos com uma estrutura conceitual comum, de modo a permitir que eles fluam conjuntamente para formar uma força poderosa de mudança social.
As descobertas relativas à Física Subatômica revelam essa nova compreensão. E é de se notar que os movimentos ambientais surgiram no momento em que o Homem visualizou pela primeira vez a grande massa terrestre. Naves espaciais enviaram aos terráqueos as fotos de sua Mãe "Azul".
O pensamento "sistêmico" é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento "reducionista-mecanicista" herdado dos filósofos da Revolução Científica do século XVII, como Descartes, Bacon e Newton. O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica, mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade.
Hoje, Capra afirma não ser mais um físico, propriamente, já que se interessa por várias áreas, como a biologia, a medicina, a psicologia e a economia.
Em seu mais recente livro, Conexões Ocultas, uma espécie de O Ponto de Mutação do século 21, Capra mais uma vez define o conceito de redes, que lhe permite comparar sistemas biológicos a sistemas ecológicos e econômicos.
Conforme suas palavras e também as de muito mais gente desde tempos imemoriais a interdependência é à base da organização de todos os seres vivos no planeta. Por isso, é de importância crucial a forma como a sociedade se organiza.
A obra de Capra reflete todo um clima que atualmente emerge em todo o mundo de pensar uma nova maneira mais sensível e significativa, um novo nível perceptivo, de entendimento, propício a uma mudança fundamental da compreensão humana quanto à natureza do conhecimento científico, quer na esfera das ciências físicas, quer na esfera das ciências biológicas e humanas.
Capra investiga as implicações e impactos do que tomava a forma de uma mudança de paradigmas, como havia previsto e estudado o físico Thomas Kuhn, mais de 20 anos antes. O ponto de partida desta investigação foi à observação de que os principais problemas visíveis do século XX: ameaça nuclear, destruição do meio ambiente, desigualdades e exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais, etc. são todos sintomas ou aspectos diversos do que, no fundo, não passa de uma única crise fundamental, uma percepção distorcida baseada no individualismo e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos. Esta crise é promovida quando, pela educação, cultura e ideologia dominantes, nós e nossas instituições adotamos conceitos e valores que, servem para justificar e racionalizar sentimentos menos nobres como a avareza, por exemplo.
Ele pressupõe, grosso modo, que o universo que nos engloba é uma grande máquina mecânica ou age como tal, que é inteligível se nós nos lembrarmos de que ela, tal como um relógio, nada mais é que um composto, formado por pequenas partes elementares, os átomos.
Capra faz uma crítica fundamental à mentalidade analítica e fragmentadora da ciência normal, em especial, às ciências que tomam o método analítico da Física Clássica de Newton como modelo que deve ser seguido para erguer as demais ao status de ciência perante a comunidade acadêmica. Ele conclui no livro a sobrevivência humana, que é ameaçada por várias ações igualmente humanas vinda de uma visão de mundo mecanicista e fragmentada, só será possível de formos capazes de mudar radicalmente os métodos e os valores subjacentes à nossa cultura individualista e materialista atual e à nossa tecnologia de exploração.
No livro, os cientistas tornaram-se irremediavelmente conscientes de que seus conceitos básicos, sua linguagem e todo o seu modo de pensar eram inadequados para descrever fenômenos atômicos. A principal idéia do livro é de que todos estes conceitos são diferentes de uma só crise, é essencialmente uma crise de percepção como, por exemplo, a crise na década de 20, a visão de mundo mecanicista da ciência cartesiano-newtoniano, uma realidade que mudou diante desses conceitos.
O livro está dividido em quatro partes com as características dos principais temas do livro na primeira parte, a segunda parte desenvolve o histórico da visão cartesiana do mundo e as mudanças que ocorreu na física moderna, na terceira há uma influencia do pensamento do cartesiano-newtoniano sobre a biologia, medicina, psicologia e a economia, e por ultimo está nas limitações do mundo cartesiano e de valores em que afeta no aspecto social com a “nova” visão da vida, mente, consciência e evolução.
Como tema, as instituições sociais dominantes recusaram a entregar seus papeis de protagonistas e as novas forças culturais, porem continuaram inevitavelmente a declinar e as minorias criativas poderão estar em declínio dando espaço pra os novos padrões culturais.
Uma mudança na mentalidade da cultura ocidental deve ser acompanhada na comparação das relações sociais e formas de organização social, transformações que estão sendo cada vez mais destacados nos valores culturais.
Durante essa fase de mudança será importante minimizar as discórdias e as rupturas que ocorrem em períodos de grandes mudanças sociais.
O antigo é descartado e o novo surge ambas se harmonizam com o tempo não resultando daí, nenhum dano.
Essa concepção da natureza humana está em constante flagrante com a cultura patriarcal que destaca o homem com um papel social maior do que a mulher, um desequilíbrio nos pensamentos e sentimento em relação a valores e atitudes no convívio social e político, por isso a terminologia yin/yang é útil na analise do desequilíbrio cultural que adota um ponto de vista ecológico que se chama concepção sistêmica.
Enquanto a nova física se desenvolvia no sec. XX a visão de mundo cartesiana e os princípios da física newtoniana mantinham a sua forte influencia sobre o pensamento cientifico ocidental, e nos dias atuais muitos cientistas aderem ao paradigma mecanicista embora os próprios físicos tenham superado. “A nova concepção do universo físico foi tão facilmente aceita em absoluto pelos cientistas do começo do século. A exploração do mundo atômico e subatômico colocou-os em contato com uma estranha e inesperada realidade que parecia desafiar qualquer descrição coerente. Em seu esforço de apreensão dessa nova realidade, os cientistas tornaram-se irremediavelmente conscientes de que seus conceitos básicos, sua linguagem e todo seu modo de pensar eram inadequados para escreverem fenômenos atômicos. (2º parágrafo, pg13)’’
A ciência moderna tomou consciência de que todas as teorias cientificas são aproximações da verdadeira natureza da realidade e que cada teoria deixa de fornecer uma descrição satisfatória da natureza e que a ciência através de respostas provisórias continuam cada vez mais na essência dos fenômenos naturais.
A física do século XX mostrou-nos de maneira convincente que não existe verdade absoluta em ciência, que todos os conceitos e teorias são limitados e aproximados e a sociedade está convencida de que o método cientifico é o único meio valido de compreensão do universo.
Ao controlar efetivamente o ensino, a pesquisa e a pratica medica, as indústrias tentam suprimir todo e qualquer incentivo a qualquer mudança e empenhar se em tornar a atual abordagem intelectual e financeiramente compensadora para a elite medica que dirige a pratica da assistência a saúde.
A maior parte da biologia e da medicina contemporânea tem uma visão mecanicista da vida e tenta reduzir o funcionamento dos organismos vivos a mecanismos celulares e moleculares bem definidos. A concepção mecanicista é justificada em certa medida pelo fato de os organismos vivos agirem em parte como maquinas.
A concepção sistêmica vê o mundo em termos de relações e de integração, os sistemas são totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas as de unidade menores.
O pensamento sistêmico é pensamento de processo, a forma torna-se associada ao processo, à inter-relação, a interação e os postos são unificados através da oscilação.
Para entender a natureza humana, não só as dimensões físicas e psicologias, mas também suas manifestações sociais e culturais, as concepções sistêmicas com muitas idéias nas tradições místicas.
As comparações entre sistemas médicos de diferentes culturas devem ser feitas com todo o cuidado, qualquer sistema de assistência a saúde, incluindo a medicina ocidental moderna é um produto de sua história e existe dentro de certo contexto ambiental e cultural.
A nova visão da realidade é uma visão ecológica num sentido que vai muito alem das preocupações imediatas com a proteção ambiental.
A respeito do ambientalismo superficial, o homem se preocupa com o controle e a administração mais eficiente do meio ambiente natural, o movimento da ecologia profunda exigirá mudanças radicais em nossa percepção do papel dos seres humanos no ecossistema planetário.
Comentario pessoal –
O livro passa um lado mecanicista da ciência cartesiana newtoniana e por isso os principais fenômenos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais são bem diferentes e não nos oferece uma visão do mundo diante da realidade, ou seja, uma mudança fundamental em nossos pensamentos e valores. Não ocorre somente a extensão global de nossa crise atual faz essa nova concepção acontecer, pois abrange uma idéia de que a apresentação das conquistas detalhadas em vários campos será superficial das limitações de espaço e tempo.
A questão dos valores é fundamental para a ecologia profunda; é, de fato, sua característica definidora central. Enquanto o velho paradigma está baseado em valores antropocêntricos (centralizados no ser humano), a ecologia profunda está alicerçada em valores ecocêntricos (centralizados na Terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida não-humana. Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependências
O autor critica determinados grupos profissionais para mostrar como os conceitos e atitudes dominantes em vários campos refletem a mesma visão desequilibradora do mundo que ainda é compartilhada pela maioria da sociedade cultura mas que diante disso está mudando.
No texto frtjot Capra comenta em relação a isso ele diz:
“acredito que a visão do mundo sugerida pela física moderna seja incompatível com a nossa sociedade atual, a qual não reflete o harmonioso estado de inter-relacionamento que observamos na natureza.” (pg. 15, parágrafo 8)
O livro também mostra o conceito de ordem estratificada que tem uma visão do sistema em relação ao ciclo de vida, ou seja: o nascimento e a morte apresentam como um aspecto central e de auto organização que é a própria essência da vida, o que leva a conclusão de que nascemos e estamos destinados a morrer, isso significa que somos partes integrantes de sistemas maiores que continuamente se renovam.
O livro mostra que para entender a natureza humana estudamos não só as dimensões físicas e psicológicas, mas também suas manifestações sociais e culturais.
Fritjot utiliza vários conceitos teóricos e entre os principais está Bateson na dinâmica de auto organização em níveis inferiores.
As experiências descondicionantes (libertadoras) são vistas por Capra como parte do movimento social multifacetado que se espalha por todo o Planeta, dentro e fora das universidades, no sentido de minar o paradigma mecanicista. As experiências individuais ou grupais dão origem a formas de organização muito fluidas. Justamente devido a essa fluidez é que Capra não se detém, como Ramos, na formulação de sistemas sociais. Ele faz constantes referências as redes de comunicação, de produção e distribuição.
Os problemas mais críticos enfrentados hoje pelo homem seja em nível político, econômico, social, de saúde ou ecológico, integram uma complexa crise de percepção da realidade. Herdeiros da concepção mecanicista de René Descartes adotamos erroneamente uma visão fragmentada do mundo.
Em seu discurso, o físico austríaco tem feito importantes alertas em relação às condições do planeta... A possibilidade de colapso acredita ele, é de fato enorme, Mas nem por isso ele se deixa abater: prova desse ânimo são seus livros, cursos, palestras e o trabalho que desenvolve no Elmwood - instituto fundado em outubro de 1984, em Berkeley, Estados Unidos, por um grupo de ativistas e pensadores que viam a mudança radical como única solução para a crise enfrentada pela humanidade e cujo objetivo principal é disseminar no mundo os valores do novo paradigma holístico...
É um livro marcante, que todos deveriam ler, pois ele trabalha, de forma criativa, com nossos valores culturais, Considero uma leitura importante.
É um livro enriquecedor que serve para profissionais de qualquer área que entendam a importância da criatividade, inovação e da ousadia não só na carreira, mas na vida.
O livro Requer uma nova base filosófica e religiosa.com clareza, Capra mostra como em todos os campos da ciência bem como no da saúde, os principais métodos e teorias o que causa um problema de destruição, o que leva Capra a fazer os cientistas refletirem sob a ciência mecânica, e o texto reflete em vários aspectos seja social, político, econômico, intelectual, moral e espiritual.
Fritjot Capra recebeu seu ph da universidade de Viena e realizou pesquisas sobre física de alta energia em varias universidades da Europa e dos Estados Unidos, alem de muitos ensaios técnicos sobre suas pesquisas, fez muitas conferencias e publicou vários trabalhos sobre implantações filosóficas da ciência moderna. Capra se deixou levar pela singularidade dos movimentos sociais e pela explosão contestatória dos anos 60, que representavam a reação da juventude e de outros setores da sociedade a todo um aspecto de uma estrutura que não estava satisfazendo às aspirações humanas mais profundas, como, por exemplo, liberdade, igualdade, solidariedade e pela sede de se viver em harmonia, com o homem e a natureza, de modo orgânico, diante das lutas ideológicas entre os blocos políticos divergentes, que fragmentavam e alienavam as relações entre pessoas e povos e impunham, através da cultura de massas e de relações profissionais, formas e normas de hierárquicas, dominadoras, patriarcalistas e frias, seguindo rígidos modelos de divisão de tarefas.
Outras obras:
Capra, Fritjof. O Tao da Física, Ed. Cultrix, 1995.
Capra, Fritjof. A Teia da Vida. Ed. Cultrix, 1996.
Capra, Fritjof. Sabedoria Incomum, Círculo do Livro, 1992.
Capra, Fritjof. Pertencendo ao Universo, Ed. Cultrix, 1995.
O Ponto de Mutação é um tratado científico em que o físico Fritjof Capra com uma aguda crítica ao pensamento cartesiano na Biologia, na Medicina, na Psicologia e na Economia, explica como a nossa abordagem, limitada aos problemas orgânicos, nos levou a um impasse perigoso, ao mesmo tempo em que antevê boas perspectivas para o futuro e traz uma nova visão da realidade, que envolve mudanças radicais em nossos pensamentos, percepções e valores.
As interconexões e interdependências entre os numerosos conceitos representam uma grande contribuição pra o leitor comum. Todos os termos técnicos são definidos em notas de rodapé nas paginas.
Essa nova visão inclui conceitos de espaço, de tempo e de matéria, desenvolvidos pela Física subatômica, a visão de sistemas emergentes de vida, de mente, de consciência e de evolução, a correspondente abordagem holística da Saúde e da Medicina, a integração entre as abordagens ocidental e oriental da Psicologia e da Psicoterapia, uma nova estrutura conceitual para a Economia e a Tecnologia; e uma perspectiva ecológica e feminista.
Citando o I Ching "Depois de uma época de decadência chega o ponto de mutação" Capra argumenta que os movimentos sociais dos anos 60 e 70 representam uma nova cultura em ascensão, destinada a substituir as nossas rígidas instituições e suas tecnologias obsoletas. Ao delinear pormenorizadamente, pela primeira vez, uma nova visão da realidade, ele espera dotar os vários movimentos com uma estrutura conceitual comum, de modo a permitir que eles fluam conjuntamente para formar uma força poderosa de mudança social.
As descobertas relativas à Física Subatômica revelam essa nova compreensão. E é de se notar que os movimentos ambientais surgiram no momento em que o Homem visualizou pela primeira vez a grande massa terrestre. Naves espaciais enviaram aos terráqueos as fotos de sua Mãe "Azul".
O pensamento "sistêmico" é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento "reducionista-mecanicista" herdado dos filósofos da Revolução Científica do século XVII, como Descartes, Bacon e Newton. O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica, mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade.
Hoje, Capra afirma não ser mais um físico, propriamente, já que se interessa por várias áreas, como a biologia, a medicina, a psicologia e a economia.
Em seu mais recente livro, Conexões Ocultas, uma espécie de O Ponto de Mutação do século 21, Capra mais uma vez define o conceito de redes, que lhe permite comparar sistemas biológicos a sistemas ecológicos e econômicos.
Conforme suas palavras e também as de muito mais gente desde tempos imemoriais a interdependência é à base da organização de todos os seres vivos no planeta. Por isso, é de importância crucial a forma como a sociedade se organiza.
A obra de Capra reflete todo um clima que atualmente emerge em todo o mundo de pensar uma nova maneira mais sensível e significativa, um novo nível perceptivo, de entendimento, propício a uma mudança fundamental da compreensão humana quanto à natureza do conhecimento científico, quer na esfera das ciências físicas, quer na esfera das ciências biológicas e humanas.
Capra investiga as implicações e impactos do que tomava a forma de uma mudança de paradigmas, como havia previsto e estudado o físico Thomas Kuhn, mais de 20 anos antes. O ponto de partida desta investigação foi à observação de que os principais problemas visíveis do século XX: ameaça nuclear, destruição do meio ambiente, desigualdades e exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais, etc. são todos sintomas ou aspectos diversos do que, no fundo, não passa de uma única crise fundamental, uma percepção distorcida baseada no individualismo e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos. Esta crise é promovida quando, pela educação, cultura e ideologia dominantes, nós e nossas instituições adotamos conceitos e valores que, servem para justificar e racionalizar sentimentos menos nobres como a avareza, por exemplo.
Ele pressupõe, grosso modo, que o universo que nos engloba é uma grande máquina mecânica ou age como tal, que é inteligível se nós nos lembrarmos de que ela, tal como um relógio, nada mais é que um composto, formado por pequenas partes elementares, os átomos.
Capra faz uma crítica fundamental à mentalidade analítica e fragmentadora da ciência normal, em especial, às ciências que tomam o método analítico da Física Clássica de Newton como modelo que deve ser seguido para erguer as demais ao status de ciência perante a comunidade acadêmica. Ele conclui no livro a sobrevivência humana, que é ameaçada por várias ações igualmente humanas vinda de uma visão de mundo mecanicista e fragmentada, só será possível de formos capazes de mudar radicalmente os métodos e os valores subjacentes à nossa cultura individualista e materialista atual e à nossa tecnologia de exploração.
No livro, os cientistas tornaram-se irremediavelmente conscientes de que seus conceitos básicos, sua linguagem e todo o seu modo de pensar eram inadequados para descrever fenômenos atômicos. A principal idéia do livro é de que todos estes conceitos são diferentes de uma só crise, é essencialmente uma crise de percepção como, por exemplo, a crise na década de 20, a visão de mundo mecanicista da ciência cartesiano-newtoniano, uma realidade que mudou diante desses conceitos.
O livro está dividido em quatro partes com as características dos principais temas do livro na primeira parte, a segunda parte desenvolve o histórico da visão cartesiana do mundo e as mudanças que ocorreu na física moderna, na terceira há uma influencia do pensamento do cartesiano-newtoniano sobre a biologia, medicina, psicologia e a economia, e por ultimo está nas limitações do mundo cartesiano e de valores em que afeta no aspecto social com a “nova” visão da vida, mente, consciência e evolução.
Como tema, as instituições sociais dominantes recusaram a entregar seus papeis de protagonistas e as novas forças culturais, porem continuaram inevitavelmente a declinar e as minorias criativas poderão estar em declínio dando espaço pra os novos padrões culturais.
Uma mudança na mentalidade da cultura ocidental deve ser acompanhada na comparação das relações sociais e formas de organização social, transformações que estão sendo cada vez mais destacados nos valores culturais.
Durante essa fase de mudança será importante minimizar as discórdias e as rupturas que ocorrem em períodos de grandes mudanças sociais.
O antigo é descartado e o novo surge ambas se harmonizam com o tempo não resultando daí, nenhum dano.
Essa concepção da natureza humana está em constante flagrante com a cultura patriarcal que destaca o homem com um papel social maior do que a mulher, um desequilíbrio nos pensamentos e sentimento em relação a valores e atitudes no convívio social e político, por isso a terminologia yin/yang é útil na analise do desequilíbrio cultural que adota um ponto de vista ecológico que se chama concepção sistêmica.
Enquanto a nova física se desenvolvia no sec. XX a visão de mundo cartesiana e os princípios da física newtoniana mantinham a sua forte influencia sobre o pensamento cientifico ocidental, e nos dias atuais muitos cientistas aderem ao paradigma mecanicista embora os próprios físicos tenham superado. “A nova concepção do universo físico foi tão facilmente aceita em absoluto pelos cientistas do começo do século. A exploração do mundo atômico e subatômico colocou-os em contato com uma estranha e inesperada realidade que parecia desafiar qualquer descrição coerente. Em seu esforço de apreensão dessa nova realidade, os cientistas tornaram-se irremediavelmente conscientes de que seus conceitos básicos, sua linguagem e todo seu modo de pensar eram inadequados para escreverem fenômenos atômicos. (2º parágrafo, pg13)’’
A ciência moderna tomou consciência de que todas as teorias cientificas são aproximações da verdadeira natureza da realidade e que cada teoria deixa de fornecer uma descrição satisfatória da natureza e que a ciência através de respostas provisórias continuam cada vez mais na essência dos fenômenos naturais.
A física do século XX mostrou-nos de maneira convincente que não existe verdade absoluta em ciência, que todos os conceitos e teorias são limitados e aproximados e a sociedade está convencida de que o método cientifico é o único meio valido de compreensão do universo.
Ao controlar efetivamente o ensino, a pesquisa e a pratica medica, as indústrias tentam suprimir todo e qualquer incentivo a qualquer mudança e empenhar se em tornar a atual abordagem intelectual e financeiramente compensadora para a elite medica que dirige a pratica da assistência a saúde.
A maior parte da biologia e da medicina contemporânea tem uma visão mecanicista da vida e tenta reduzir o funcionamento dos organismos vivos a mecanismos celulares e moleculares bem definidos. A concepção mecanicista é justificada em certa medida pelo fato de os organismos vivos agirem em parte como maquinas.
A concepção sistêmica vê o mundo em termos de relações e de integração, os sistemas são totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas as de unidade menores.
O pensamento sistêmico é pensamento de processo, a forma torna-se associada ao processo, à inter-relação, a interação e os postos são unificados através da oscilação.
Para entender a natureza humana, não só as dimensões físicas e psicologias, mas também suas manifestações sociais e culturais, as concepções sistêmicas com muitas idéias nas tradições místicas.
As comparações entre sistemas médicos de diferentes culturas devem ser feitas com todo o cuidado, qualquer sistema de assistência a saúde, incluindo a medicina ocidental moderna é um produto de sua história e existe dentro de certo contexto ambiental e cultural.
A nova visão da realidade é uma visão ecológica num sentido que vai muito alem das preocupações imediatas com a proteção ambiental.
A respeito do ambientalismo superficial, o homem se preocupa com o controle e a administração mais eficiente do meio ambiente natural, o movimento da ecologia profunda exigirá mudanças radicais em nossa percepção do papel dos seres humanos no ecossistema planetário.
Comentario pessoal –
O livro passa um lado mecanicista da ciência cartesiana newtoniana e por isso os principais fenômenos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais são bem diferentes e não nos oferece uma visão do mundo diante da realidade, ou seja, uma mudança fundamental em nossos pensamentos e valores. Não ocorre somente a extensão global de nossa crise atual faz essa nova concepção acontecer, pois abrange uma idéia de que a apresentação das conquistas detalhadas em vários campos será superficial das limitações de espaço e tempo.
A questão dos valores é fundamental para a ecologia profunda; é, de fato, sua característica definidora central. Enquanto o velho paradigma está baseado em valores antropocêntricos (centralizados no ser humano), a ecologia profunda está alicerçada em valores ecocêntricos (centralizados na Terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida não-humana. Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependências
O autor critica determinados grupos profissionais para mostrar como os conceitos e atitudes dominantes em vários campos refletem a mesma visão desequilibradora do mundo que ainda é compartilhada pela maioria da sociedade cultura mas que diante disso está mudando.
No texto frtjot Capra comenta em relação a isso ele diz:
“acredito que a visão do mundo sugerida pela física moderna seja incompatível com a nossa sociedade atual, a qual não reflete o harmonioso estado de inter-relacionamento que observamos na natureza.” (pg. 15, parágrafo 8)
O livro também mostra o conceito de ordem estratificada que tem uma visão do sistema em relação ao ciclo de vida, ou seja: o nascimento e a morte apresentam como um aspecto central e de auto organização que é a própria essência da vida, o que leva a conclusão de que nascemos e estamos destinados a morrer, isso significa que somos partes integrantes de sistemas maiores que continuamente se renovam.
O livro mostra que para entender a natureza humana estudamos não só as dimensões físicas e psicológicas, mas também suas manifestações sociais e culturais.
Fritjot utiliza vários conceitos teóricos e entre os principais está Bateson na dinâmica de auto organização em níveis inferiores.
As experiências descondicionantes (libertadoras) são vistas por Capra como parte do movimento social multifacetado que se espalha por todo o Planeta, dentro e fora das universidades, no sentido de minar o paradigma mecanicista. As experiências individuais ou grupais dão origem a formas de organização muito fluidas. Justamente devido a essa fluidez é que Capra não se detém, como Ramos, na formulação de sistemas sociais. Ele faz constantes referências as redes de comunicação, de produção e distribuição.
Os problemas mais críticos enfrentados hoje pelo homem seja em nível político, econômico, social, de saúde ou ecológico, integram uma complexa crise de percepção da realidade. Herdeiros da concepção mecanicista de René Descartes adotamos erroneamente uma visão fragmentada do mundo.
Em seu discurso, o físico austríaco tem feito importantes alertas em relação às condições do planeta... A possibilidade de colapso acredita ele, é de fato enorme, Mas nem por isso ele se deixa abater: prova desse ânimo são seus livros, cursos, palestras e o trabalho que desenvolve no Elmwood - instituto fundado em outubro de 1984, em Berkeley, Estados Unidos, por um grupo de ativistas e pensadores que viam a mudança radical como única solução para a crise enfrentada pela humanidade e cujo objetivo principal é disseminar no mundo os valores do novo paradigma holístico...
É um livro marcante, que todos deveriam ler, pois ele trabalha, de forma criativa, com nossos valores culturais, Considero uma leitura importante.
É um livro enriquecedor que serve para profissionais de qualquer área que entendam a importância da criatividade, inovação e da ousadia não só na carreira, mas na vida.
O livro Requer uma nova base filosófica e religiosa.com clareza, Capra mostra como em todos os campos da ciência bem como no da saúde, os principais métodos e teorias o que causa um problema de destruição, o que leva Capra a fazer os cientistas refletirem sob a ciência mecânica, e o texto reflete em vários aspectos seja social, político, econômico, intelectual, moral e espiritual.
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